Christoph Waltz (à direita) e David Thewlis em cena (Foto: Divulgação/Imagem Filmes)
Em O Teorema Zero (The Zero Theorem, 2013), o cineasta
inglês Terry Gilliam – mais
conhecido por integrar a trupe de comédia Monty Python e ter dirigido Os 12 Macacos (1995) e Brazil (1985) – retoma o encontro de drama e
ficção científica.
Numa Londres futurista, Christoph Waltz é Qoen Leth, um tipo
neurótico e solitário afogando-se em dúvidas existenciais, à espera de um
telefonema que lhe explicaria o motivo da vida. Hacker dos bons, ele é chamado
para resolver o “teorema zero”, a serviço de uma corporação vigilante e obscura
representada por Matt Damon. O
cálculo matemático é complexo, mas pode terminar a dúvida do protagonista, que
topa fazer o trabalho. O roteiro original é de Pat Rushin.
Embora esteja em boa atuação,
Waltz é ofuscado pelos coadjuvantes, que possuem mais textura. Mélanie Thierry, David Thewlis e Lucas Hedges
iluminam a tela quando aparecem. Tilda
Swinton, Ben Whishaw e Gwendoline Christie também são
marcantes em suas participações.
O bom figurino é colorido e
espalhafatoso: parece sugerir que os personagens saíram de um videoclipe dos B-52’s,
mas a certeza é que eles perambulam em cenários caprichados. O futuro excêntrico
e ultra colorido – turbinado por uma publicidade invasiva – anda de mãos dadas
com o passado decadente e abandonado.
A atriz francesa Mélanie Thierry: sua atuação é um dos pontos altos de O Teorema Zero (Foto: Divulgação/Imagem Filmes)
A excentricidade, a fisicalidade
empregada a esta e o humor vindo de lugares inusitados são recorrentes nos
filmes de Gilliam. Aqui, ele trabalha mais uma vez com a cinematógrafa italiana
Nicola Pecorini, responsável por uma
fotografia lindíssima e com identidade em relevo: quase mais um coadjuvante carismático
em cena.
“Quando fiz Brazil em 1984, estava tentando pintar um retrato do mundo em que
vivíamos então. O Teorema Zero é um
vislumbre do mundo em que acho que vivemos agora”, explica o diretor em sua declaração. O comentário é
pertinente, uma vez que personagens sacam seus celulares para fotografar o
sofrimento e constrangimento alheio. Quem está em redes sociais hoje vê algo
próximo disso todo dia. O hacker vivido por Waltz mostra que dúvidas
existenciais não evaporam mesmo com as possibilidades oferecidas por uma rede
de conhecidos em constante expansão.
Uma curiosidade interessante
sobre Teorema Zero é o formato
escolhido por Gilliam para filmá-lo: 35mm com as proporções de tela 1.85:1 e 16:9, o que permite
qualquer tela 16:9 abranger tudo que é exibido, independente de ser
cinema, tevê ou iPhone. Para Gilliam, o efeito acaba sendo vintage, por causa
das bordas levemente arredondadas que ficaram nos cantos. (O diretor explica
isso neste vídeo, a partir do oitavo minuto.)
O diretor Terry Gilliam nos bastidores (Foto: Divulgação)
“É o primeiro filme que se
encaixa em todos os quadros, full frame
e ‘semi-vinil’”, diz Gilliam.
O Teorema Zero foi exibido no Festival de Veneza do ano passado. Não
levou para casa o Leão de Ouro, prêmio principal do evento, mas ganhou lá uma
menção especial do Future Film Festival, por Gilliam ser o primeiro famoso a
dar as caras neste segundo festival.
Boa opção para quem quer conferir ficção científica fora do circuito de blockbusters.
Estreia quinta-feira (10/7). Classificação indicativa: 14 anos. Duração: 106 minutos. Países de origem: Estados Unidos, Romênia, Reino Unido e França. Distribuição: Imagem Filmes.
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